Cuidados odontológicos preventivos em pacientes que serão submetidos
à terapias oncológicas
Alessandra Rossi CRO GO 4869
Rafael Rossi CRO GO 5444
Caroline Medeiros Moura CRO GO 15637
Segundo
o Instituto Nacional de Câncer (INCA) José Alencar Gomes da Silva, nos anos de
2018-2019 estima-se que haverá uma ocorrência de 600 mil novos casos de câncer
no Brasil, para cada um desses dois anos. Ao serem apresentados os dados, o INCA
exibiu ainda vídeos de pessoas que se curaram de câncer e reforçou a campanha
contra a estigmatização da doença, que tem como slogan "o câncer não pode
acabar com a vontade de viver". O instituto reforçou também a necessidade
de combater a desinformação sobre a doença, promovendo um debate sobre fake news (notícias falsas), saúde e câncer.
A diretora-geral do INCA, Ana Cristina Pinho Mendes destacou que as notícias
falsas podem afastar as pessoas do tratamento correto e gerar frustrações.
Diante
da necessidade em combater a desinformação, discutiremos a importância da saúde
bucal com o principal intuito de prevenir ou diminuir os efeitos
não desejados no decorrer do tratamento de câncer e ao final, proporcionar uma
melhor qualidade de vida aos pacientes, um assunto ainda tão desconhecido e pouco apresentado pelos profissionais.
Pacientes
diagnosticados com câncer podem receber como forma de tratamento procedimentos
como radioterapia, quimioterapia e cirurgia. Na radioterapia o paciente é submetido
a uma radiação ionizante e na quimioterapia recebe medicamentos, compostos
químicos. Essas duas terapias vão ser capazes de causar a morte programada de
células cancerígenas e ao mesmo tempo impedir a divisão dessas células, que
possuem uma enorme capacidade de proliferação. Porém as células destruídas não
são somente estas, alguns tecidos do nosso corpo também apresentam grande
capacidade de proliferação, mesmo saudáveis, normais, e estes também serão
afetados. Dentro da equipe de tratamento de pacientes com câncer, uma
presença indispensável é a do Cirurgião-Dentista, pois a mucosa que reveste a
cavidade bucal possui essa grande capacidade de proliferação, sendo muito
prejudicada com os tratamentos antineoplásicos (NEVILLE et al., 2009). Com isso, devemos
destacar a importância do paciente fazer um acompanhamento junto ao seu Dentista, antes, durante e após o tratamento oncológico, mesmo que o câncer não
seja situado na cavidade bucal, mas também em outras regiões do corpo (informação
verbal)[1].
Muitas
são as complicações que o paciente em tratamento oncológico pode desenvolver: mucosite (inflamação da mucosa oral), perda de paladar, xerostomia
(sensação de boca seca), hemorragia, osteorradionecrose (necrose do osso
induzida pela radiação), trismo (dificuldade de abrir a boca), que podem gerar
dificuldade de alimentação, desconforto, dor (DANYELLE, M. et al., 2010; NEVILLE et al., 2009). Estas complicações podem também interferir
no protocolo de tratamento do câncer ao qual o paciente está sendo submetido, pois após receber algumas sessões do tratamento, e na presença de complicações bucais, faz-se necessário interromper as sessões até a recuperação do paciente, dando
então chance para que as células cancerígenas continuem se multiplicando e atrapalhando o processo de cura e o sucesso do tratamento (informação verbal)[2].
Com
isso, podemos destacar mais uma vez a importância do Cirurgião-Dentista dentro
da equipe de tratamento na luta contra o câncer (BADAUY, G. et al., 2014), atuando de forma à
prevenir ou minimizar as complicações bucais, realizar tratamentos odontológicos como: procedimentos
restauradores, tratamentos de canais (endodontia), extrações, limpezas,
aplicações de flúor, orientações de higiene bucal, orientações de dieta, ou
seja, realizar a adequação do meio bucal para posteriormente o paciente receber a radioterapia ou
quimioterapia. No
entanto, em alguns casos o tratamento contra o câncer deve ser iniciado o mais
rápido possível, ou pelo diagnóstico ter sido realizado de forma tardia ou pela
gravidade do câncer, não tendo então o Cirurgião-Dentista o tempo necessário
para a realização das adequações do meio bucal, por isso salientamos a importância
em manter a saúde bucal sempre em dia, realizando consultas semetrais com seu Dentista.
Em
virtude do que foi mencionado, retornamos a frase em destaque no início de
nosso texto: “o câncer não pode acabar com a vontade de viver” e como
profissional, o Cirurgião-Dentista está apto e capaz a auxiliar seu paciente
nessa luta, oferecendo-lhe uma melhor qualidade de vida, conforto, bem-estar e
saúde (MOURA, C. M. e ROSSI-COELHO A., 2017).
FAÇA
JÁ SUA CONSULTA, PARA PREVENÇÃO, ADEQUAÇÃO OU TRATAMENTO!
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
ANDERSON, L.;
MEDEIROS, F. B.; CIAMPONI, A. L. Cuidados odontológicos em pacientes
oncológicos. p. 24–26, 2014.
ANDREWS, N.; GRIFFITHS, C. Dental complications of
head and neck radiotherapy: Part 2. Australian
dental journal, v. 46, n. 3, p. 174–182, 2001.
BEECH, N. et al. Dental
management of patients irradiated for head and neck cancer. Australian dental journal, v.
59, n. 1, p. 20–28, 2014.
CORREIA, C. et al. Condutas práticas e efetivas recomendadas ao cirurgião
dentista no tratamento pré, trans e pós do câncer bucal. p. 368–372, 2013.
BADAUY,
G. et al. Avaliação clínica e molecular
do efeito do laser de baixa intensidade na prevenção da mucosite oral em pacientes
submetidos a transplante de medula óssea.
2014.
81f. Tese (Doutorado em Ciências da Saúde) – Universidade Federal de Goiás,
Goiânia, 2014.
INCA, Controle do Câncer: uma proposta de
integração ensino-serviço. 2 ed. rev. atual. - Rio de Janeiro: Pro-Onco. 1993.
Disponível em: < http://www.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=101 >.
Acesso em: 12 de abr. 2017.
JESUS, L. A. Avaliação pré-operatória e condutas em Odontologia. 1ª edição. Goiânia: AB Editora, 2011.
LITTLE, FALACE,
MILLER, RHODUS, Manejo Odontológico do
Paciente Clinicamente Comprometido, 7ª edição, p. 3-17; 205-227; 269-291;
415-441, 2009.
MOURA, C. M.; ROSSI-COELHO,
A. Abordagem endodôntica em pacientes
com comprometimento sistêmico. 2017. 37 f. Revisão de Literatura (Graduação
em Odontologia) – Universidade Paulista, Goiânia, 2017.
NEVILLE, B.W et al. Patologia
Oral e Maxilofacial. 3ª edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.
[1]
Notícia fornecida por Geisa Badauy Lauria Silva no Conselho Regional de
Odontologia de Goiás, em Goiânia, em Março de 2018.
[2]
Notícia fornecida por Geisa Badauy Lauria Silva no Conselho Regional de
Odontologia de Goiás, em Goiânia, em Março de 2018.